Por meio de grandes lutas desde o passado até a atualidade, as mulheres vêm cada vez mais conseguindo lugar no mundo, alcançando seus sonhos e desejos, buscando novos horizontes do que um dia se pensou para uma mulher.
Apesar disso, em uma sociedade patriarcal, o que se espera da mulher é que ela seja criada para ser mãe, e não somente mãe, mas sim uma “boa mãe”, a “perfeita mãe” que não é dada o direito de cometer erros, sendo culpada e também rechaçada socialmente caso cometa algum. É possível perceber desde a infância como as meninas já vêm treinando para assumir o papel de “boa mãe”, vindo a se tornar mulheres que carregam a função do sacrifício, do ser amável, tranquila, compreensível, equilibrada, acolhedora e feminina em tempo integral.
Azevedo e Arrais (2006) explica que, ao verificar a história da humanidade, percebemos que essas crenças da maternidade ditas como naturais e tradicionais nem sempre foram assim. Forna (1999) nos conta que em 1762, com a publicação de Émile, Rousseau veio a criticar, à época, um costume que as mães faziam, que era entregar seus filhos a amas de leite, ele fazia recomendações de forma bem enfáticas de que era obrigação das mães cuidarem de seus filhos e criticava as que tinham outros interesses.
Azevedo e Arrais (2006) nos diz também que a mulher de hoje não é a mesma do passado, porém convive com as mesmas ideias do que é o maternar do passado, causando problemas, visto que as de hoje possuem desejos, sonhos, pensamentos diferentes das do passado. Essa nova constituição gera uma ambivalência de amor e ódio com os filhos, o que caracteriza uma eterna culpa vivenciada pelas mães.
Para Gallbach (1995), há grandes transformações psíquicas na vida da mulher ao cuidar do bebê, como a passagem da filha para a mãe, em que acontece um sacrifício nesse processo, saindo do estado de nutrida e protegida para o estado de mãe que nutre e protege, podendo ser dito como uma morte da jovem e renascimento como mãe.
Jung (2016) vem mostrar ainda o lado sombra da maternidade, fora a realidade apenas bondosa e luminosa que a representação da Virgem Maria nos traz. Nem sempre sendo assim, visto que na antiguidade era realizado o culto aos deuses, com suas ambiguidades imorais, fato esse que fez com que o culto aos deuses fossem sumindo, dando espaço ao Deus bondoso, contrapondo-se a ele o Diabo carregando todo o mal.
Em tudo na vida há dois contrapontos, nada é tão ruim que não possa ser bom, nem tão bom que não tenha algo de ruim, por isso se faz necessário um novo pensar para tanto sofrimento e culpa que as mulheres carregam ao desejar ser mãe. Sofrem pressões quando decidem ser mães, terem que ser as “mães perfeitas”, quando não decidem ser mães, são condenadas pela escolha contra o “natural”.
O desafio para a psicologia é olhar para essa sombra da maternidade, para o outro lado da maternidade, para propiciar a essas mulheres conforto, acalento, acolhimento, direcionamento, evitando e diminuindo transtornos advindos do estresse, ansiedade, depressão que o não falar traz.
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